22/01/2020

FILO-SOFIA DE BARRIL - Fazer o bem de olhos vendados pode implicar inadvertência, pois, corre-se o risco de se tornar patrocinador do mal.


"Fazer o bem sem olhar a quem!" é um dito popular bastante propagado e eventualmente colocado em prática, entretanto, em sua forma lacônica assemelha-se a filosofia de barril de Diogenes o cínico, cuja "virtude" era a pobreza extrema. Devido sua estrutura concisa na dialética da frase de efeito apresenta uma proposição apocope que empobrece o sentido, limita a verdade e pode induzir ao erro, como foi o caso do "filósofo" em questão, que devido sua visão se tornou mendigo. Diz Jostein Gaarder que Alexandre o Grande, admirou-se do conhecimento do sábio. Reza a lenda que o grande conquistador, que à semelhança de outros governantes, também apreciava orgias e talvez tenha visitado Diógenes em êxtase de embriaguez.

Seguindo-se esta "alameda" filosófica proverbial onde há muitos transeuntes, diferente dos que seguem pela estrada convencional da popularidade, chama atenção uma "bifurcação" cujo curso muda a direção e também o panorama, permitindo "olhar", por outro prisma à recomendação "sem olhar a quem", da proposição em questão.

Há quem diga que no cumprimento deste imperativo, não espera recompensa, "apenas" reconhecimento. Outro enfatiza que fazer o bem lhe dá "prazer", há os que fazem em troca de "honra", aqueloutro, pela "reputação e reconhecimento público", que o torna amado por sua bondade e filantropia. Enfim, estas razões podem estar isentas do interesse materialista, entretanto, barganham glória mundana; ou seja, recompensa. Portanto, eis aqui um engano, pois, este fazer o "bem" sem olhar a "quem" visto da "bifurcação" (caminho estreito); se revela confuso e contraditório, visto ser o "cidadão quem" a própria pessoa, cuja "boa" ação não é horizontal, pois, faz uma curva e torna para si mesma. O Conselho de "fechar os olhos" aqui faz sentido, pois "olhar" implica examinar, ponderar refletir abrir os olhos; ver a quem! Isso desmistifica; desmancha o prazer de parecer isento de interesse.
Por outro lado, considerando à luz de Gênesis 1;27, que o ser humano foi criado "imagem de Deus" pois, efetuar o "bem" sem esta consciência implica inexistência d'Ele. Destarte, fazer o bem ao próximo consciente do fato que implica honrar Aquele que o criou é infinitamente melhor, que "boas" obras de olhos vendados. Ademais, existem instituições que sob a fachada de entidades caritas, filantrópicas, humanitárias saqueiam incautos pretextando melhorar o mundo "erradicando" a pobreza entretanto, às expensas dos pobres aumentam a riqueza. Eis a razão e porque certos gurus antes de impor seus mantras recomendam: "feche teus olhos e abra o coração!" Suas cobaias, na ilusão de fazer o bem de olhos fechados, contribuem para o mal.

De outra forma se a tal ação for feita mesmo que inconsciente, ao deus deste século; (satanás) seria coerente "não olhar" a quem? Para as objeções quanto esta possibilidade a Bíblia deixa claro que Lúcifer, se transfigura em anjo de luz (2 Coríntios 11;14,15) Portanto, é imprescindível ter olhos abertos pois, é possível que sob aparência de anjos se escondam demônios, sonhar com o "bem" em tal contexto implica aceitar a missão de homem bomba vestindo-se de explosivos e acionar o detonador acreditando na recompensa das "Huris" (virgens no harém paradisíaco). Neste caso, fecha-se os olhos ao sacrifício de olho na "recompensa".

 Portanto, fazer o "bem" sem olhar a quem é no mínimo ingenuidade, se for afoitamente implica imprudência, e na pior das hipóteses; é trágico. Certamente a prática do bem é imprescindível, desde que, boas ações não patrocinem o mal. A semeadura do bem tem seu valor, porém, no contexto certo, afinal: "Quem semeia para sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé." (Gálatas 6;8-10)

É necessário entender, que o bem, difere do bom, pois, este acha-se no princípio do prazer, aquele tem a ver com a realidade, destarte, muitas vezes o bem implica colocar alguém na cadeia, disciplinar um filho, implodir um edifício, amputar um membro do corpo, extinguir entidades de fachada, derrubar governos corruptos, trazer dilúvio sobre a Ter
ra, destruir Sodoma e Gomorra, crucificar a Cristo, aliás, este foi o MAIOR BEM, visto que trouxe salvação à toda humanidade, todavia neste caso, o benefício implica crer e andar como quem vê, O invisível. Deus ama e beneficia a todos, entretanto, olha de forma especial para o perfil que lhe agrada. "Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá." (Salmo 101;6)
Sendo assim, olhar a quem, é forma prudente, lúcida e segura de praticar o bem. Pois, "sem olhar" há risco de praticar o mal, mesmo que "Sem querer querendo!"

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