"Fazer o bem sem olhar a quem!" é um dito popular
bastante propagado e eventualmente colocado em prática, entretanto, em sua
forma lacônica assemelha-se a filosofia de barril de Diogenes o cínico, cuja
"virtude" era a pobreza extrema. Devido sua estrutura concisa na
dialética da frase de efeito apresenta uma proposição apocope que empobrece o
sentido, limita a verdade e pode induzir ao erro, como foi o caso do
"filósofo" em questão, que devido sua visão se tornou mendigo. Diz
Jostein Gaarder que Alexandre o Grande, admirou-se do conhecimento do sábio.
Reza a lenda que o grande conquistador, que à semelhança de outros governantes,
também apreciava orgias e talvez tenha visitado Diógenes em êxtase de
embriaguez.
Seguindo-se esta "alameda" filosófica proverbial
onde há muitos transeuntes, diferente dos que seguem pela estrada convencional
da popularidade, chama atenção uma "bifurcação" cujo curso muda a
direção e também o panorama, permitindo "olhar", por outro prisma à
recomendação "sem olhar a quem", da proposição em questão.
Há quem diga que no cumprimento deste imperativo, não espera
recompensa, "apenas" reconhecimento. Outro enfatiza que fazer o bem
lhe dá "prazer", há os que fazem em troca de "honra",
aqueloutro, pela "reputação e reconhecimento público", que o torna
amado por sua bondade e filantropia. Enfim, estas razões podem estar isentas do
interesse materialista, entretanto, barganham glória mundana; ou seja,
recompensa. Portanto, eis aqui um engano, pois, este fazer o "bem"
sem olhar a "quem" visto da "bifurcação" (caminho
estreito); se revela confuso e contraditório, visto ser o "cidadão
quem" a própria pessoa, cuja "boa" ação não é horizontal, pois,
faz uma curva e torna para si mesma. O Conselho de "fechar os olhos"
aqui faz sentido, pois "olhar" implica examinar, ponderar refletir
abrir os olhos; ver a quem! Isso desmistifica; desmancha o prazer de parecer
isento de interesse.
Por outro lado, considerando à luz de Gênesis 1;27, que o
ser humano foi criado "imagem de Deus" pois, efetuar o
"bem" sem esta consciência implica inexistência d'Ele. Destarte,
fazer o bem ao próximo consciente do fato que implica honrar Aquele que o criou
é infinitamente melhor, que "boas" obras de olhos vendados. Ademais,
existem instituições que sob a fachada de entidades caritas, filantrópicas,
humanitárias saqueiam incautos pretextando melhorar o mundo
"erradicando" a pobreza entretanto, às expensas dos pobres aumentam a
riqueza. Eis a razão e porque certos gurus antes de impor seus mantras
recomendam: "feche teus olhos e abra o coração!" Suas cobaias, na
ilusão de fazer o bem de olhos fechados, contribuem para o mal.
De outra forma se a tal ação for feita mesmo que
inconsciente, ao deus deste século; (satanás) seria coerente "não
olhar" a quem? Para as objeções quanto esta possibilidade a Bíblia deixa
claro que Lúcifer, se transfigura em anjo de luz (2 Coríntios 11;14,15)
Portanto, é imprescindível ter olhos abertos pois, é possível que sob aparência
de anjos se escondam demônios, sonhar com o "bem" em tal contexto
implica aceitar a missão de homem bomba vestindo-se de explosivos e acionar o
detonador acreditando na recompensa das "Huris" (virgens no harém
paradisíaco). Neste caso, fecha-se os olhos ao sacrifício de olho na
"recompensa".
É necessário entender, que o bem, difere do bom, pois, este
acha-se no princípio do prazer, aquele tem a ver com a realidade, destarte,
muitas vezes o bem implica colocar alguém na cadeia, disciplinar um filho,
implodir um edifício, amputar um membro do corpo, extinguir entidades de
fachada, derrubar governos corruptos, trazer dilúvio sobre a Ter
ra, destruir
Sodoma e Gomorra, crucificar a Cristo, aliás, este foi o MAIOR BEM, visto que
trouxe salvação à toda humanidade, todavia neste caso, o benefício implica crer
e andar como quem vê, O invisível. Deus ama e beneficia a todos, entretanto,
olha de forma especial para o perfil que lhe agrada. "Os meus olhos
procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho
reto, esse me servirá." (Salmo 101;6)
Sendo assim, olhar a quem, é forma prudente, lúcida e segura
de praticar o bem. Pois, "sem olhar" há risco de praticar o mal,
mesmo que "Sem querer querendo!"
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