POESIAS E SENTENÇAS

PARA PENSAR

Diz um provérbio que existem três métodos para alcançar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.
Com base neste último, pondera-se que suportar privações, capacita-nos enfrentar dificuldades, com mais firmeza que qualquer que jamais experimentou sofrimento. Visto por esse prisma, adversidade também contribui para bom aprendizado bem como, para maturidade.
Afinal, aprender com sofrimento não é de todo ruim, pois, pode ser fundamental para o crescimento. Através dele aprendemos valorizar a vida e as coisas que deixamos, inadvertidamente de fazer. Antes que reclamar momentos "amargos", estejamos atentos para lição que podem nos proporcionar.
Convém pois, ponderar que neste mundo existem dois dias quando nada se pode fazer. Um se chama ontem; outro, denomina-se amanhã. Portanto, hoje é o dia propício para fazer o bem. No contexto diz a palavra de Deus para o dia de hoje: "se ouvirdes sua voz, não endureçais vosso coração” (Hb 3;15)
Jesus Cristo durante seu estágio terreno aprendeu pelas coisas que sofreu; o que não condiz com a filosofia da era cibernética. Diz o texto: "Ainda que era Filho, APRENDEU a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem; (Hebreus 5:8,9)



ESTACA ZERO
A vivência tem seu fado
O destino seus flagelos
Chinelos retórica e lero-lero
Se faço o que não quero
Já não quero o que faço
E a vida nesse laçaço
Retorna à estaca zero
Nessa aflição atroz
Como Albatroz me debando
Esmaecido assaz considero
A alma feita um pêndulo
Geme sem querer querendo
Tornando à estaca zero

Nessa corrida estática
Há uma matemática
E uma prática de Homero
Correndo a lugar nenhum
Na esperança do zum
Reduzindo à estaca zero
Nada tem a ver com fé
Ginástica anímica até
Pantomímica do bolero
No teleférico andar
De um sedentário viajar
No assento da estaca zero
Demente astúcia intestina
Que burla e contamina
Evoca o castigo de Anteros
Cobrando tudo com juros
Deixando a alma em apuros
No furo da estaca zero
Viajando na poesia
Vi mitos e fantasias
Do híbrido ao hetero
Agora no desembarque
Finalizando esta Arte
Retorno à estaca zero

OJERIZA
Ódio leva perder o pódio
Fúria é centúria da derrota
Gemido do fundo da grota
Que rebrota à cada episódio
Ódio é açoite e noite escura
Catadura que à dor denota
Lúgubre som de uma nota
Embota denigre criaturas
Ódio é terremoto arrasador
Avalanche agonia e sofrimento
Arrasa humanos por dento
Rouba paz, esperança e amor
O ódio no exordio é viperino
Veneno terreno latente
Vírus malévolo da serpente
Ácido imanente assassino
O ódio está em toda parte
Política religião agruras
No esporte arte e cultura
Nas loucuras de malas artes
Ódio da maldade é o trem
Comboio entulho desafetos
Louco sádico indiscreto
Que só machuca quem tem
Faça o teste da experiência
Quem diz que isso não sente
Medindo o ódio latente
Pela largura da ausência
Câncer não contraído a esmo
Parente do Ente lancinante
Que não ama o semelhante
Por que odeia a si mesmo.


IGNARO
"IN" que afirma e acentua negação
Com "GNARO" que enfatiza o saber
Vertem o reverso submerso ignaro
Anteparo nublado fiando insensatez
A mala ciência vai tecendo estupidez
Carita temulenta que nega o amparo
Há insanidade cultivando não saber
Que a maleita ideologia preceitua
Ignorar é não sofrer diz um ditado
Sem cérebro não há dor de cabeça
Saber molesta pois, dizem esqueca
Melhor ser besta que ser contraditado
Sabedoria no plano da ignorância
É uma doença como a megalomania
O saber aprisiona submete o coração
Dita regras adestra e domina o animal
A ignorância tem papel revel medicinal
Pois acreditam que ela traz libertação
Ignorância prima irmã da insipiência
Fazendo guerra contra o conhecimento
Tem contento no banquete da loucura
Desfila airosa na obscura passarela
Onde o embuste à verdade não se atrela
A vida é "bela" na insana contracultura
Ignorar é viver; há prazer p'ra que estudo?
Para tudo há um jeito e há jeito pá tudo
Cultivam mesmo o tal jeitinho brasileiro
Mensageiro da famigerada malandragem
Manchando o nome de Deus e imagem
Na pífia beberagem do estúpido entrevero
Prossegue a vida numa jornada dolosa
Visto ser a ignorância herança gratuita
Enquanto ciência é aquisição dispendiosa
Sabedoria é cara dizem as militâncias
Pois desconhecem o preço da ignorância
Nas reticencias de uma alma preguiçosa


VENTANA VENTANIA

De batismo um Zé ferino
Na fúria um vendaval
No caráter um paladino
Retorcido em espiral
Tormenta vinda do Norte
Vento forte vespertino

A brisa raramente surgia
No tosco esboço do riso
Inspirado sádico maroto
Que diverte com o gemido
Com sentido de um aviso
Improviso peralta escroto

Perante montes e obstáculos
Arremete ingente impetuoso
Por impulso furor e natureza
Porém dirimido o arroubo
O soçobro desmantela o ogro
A fealdade se rende à beleza

É furacão de Sant'ana Satana
Miragem vulto no árido deserto
Latente incerto épico cicerone
É tempestade no ermo da alma
Forte monção refração de calma
Choque térmico trágico ciclone

Frieza ímpar Inverno pampeano
Forte corrente esquiando geada
Galopante sinistro seco aragano
Assoviando melodia dos gemidos
Harpa eólica melancólica rajada
Regendo rito do gélido minuano

Ora é Bóreas vento norte furioso
Em epíteto denominado Aquilão
Vendo zéfiro é agradável favorino
Como euro fustiga a navegação
Do Sul escurece a abóbada celeste
De mente imprevisível peralta teatino

No tufão de súbitos pensamentos
Incluso nas dobras de estranho vento
Incremento figura pampeana ventana
Visto por viés de persiana poética
Esgueirando brando ribanceira dialética
Uma figura hermética de alma aragana

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