08/02/2020

VÍCIOS e VICISSITUDES - Em sentido dialético, quando se fala em vícios a semântica arremete-nos aos dependentes químicos, entretanto, sua abrangência é mais ampla.


 "Deus criou o ser humano justo, mas este se deixou envolver por muitas astúcias e ilusões!" (Eclesiastes 7;29)

O termo “vicissitudes” vem do Latim VICISSITUDO, derivado de VICISSIM. Formado por VICE, “no lugar de”, mais CESSIM, derivado de CEDERE, “ir, proceder”. É também traduzido como "falha" ou "defeito." Hábito repetitivo que degenera ou causa prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem.

Em nossa cultura quando se fala em vícios, a semântica arremate geralmente aos dependentes químicos entretanto, considerando-se o sentido acima, como algo colocado "no lugar de", que equivale à falha ou defeito surgem inúmeras situações em que o status quo foi manipulado cedendo lugar à coisa instituta, que estabelece, desconstruindo para reformar deformando a partir da redefinição conceitual. Destarte, qualquer que se torna dependente comporta-se à semelhança da bateria de celular viciada, cujo desempenho cai de forma drástica fazendo com que o aparelho desligue rapidamente e o usuário não consiga utilizá-lo por muito tempo.

A ciência docente ensina que o corpo humano é composto de três partes; cabeça, tronco e membros e na teoria da alma, Platão a concebe igualmente nesta formação tríplice: a parte “concupiscente”, dos apetites ou desejos localizada no baixo ventre, responsável pela busca da bebida, comida, sexo, prazeres, enfim, de tudo quanto é necessário à conservação do corpo e à reprodução da espécie. A parte “irascível” ou “colérica” situada no peito com a função de defender o corpo contra tudo que possa ameaçar sua segurança e por fim, o aspeto “racional” que é função superior da alma, na qual, o SENHOR colocou o SOPRO de VIDA.

Nesta estrutura, o homem virtuoso é aquele em que cada parte da alma realiza na medida justa, a função que lhe cabe sob regência da parte racional. Esta deve dominar as outras. Seu controle sobre a concupiscência resulta na virtude do domínio próprio; sua ingerência sobre a cólera produz, coragem, prudência. E a virtude própria da parte racional é conhecimento.
Por outro lado, o homem vicioso é aquele em que as partes da alma não conseguem realizar suas funções próprias ou realizam de forma anômala, quando o racional perde o domínio sobre as demais. Nesse caso instaura-se a desordem, o conflito, a violência contra si e os demais. Tudo isso denomina-se VÍCIOS ou DEFEITO; o oposto das VIRTUDES

Portanto, com base nesta configuração, pode-se afirmar devido o vício do pecado, que as coisas saíram da ordem para desordem, da perfeição para imperfeição, da verdade para mentira, da justiça para injustiça, da vida para morte, e assim sucessivamente, num processo deletério alternando vicissitudes, em grau cada vez mais acentuado de alienação, confusão e entropia caracterizando a GLOBALIZAÇÃO DOS VÍCIOS. Esta coisa amorfa causa deformidade das formas, bem como exílio e morte das virtudes. Também causou avarias nas três dimensões da alma, supra citadas fazendo-as funcionar à semelhança do computador sob efeito de vírus, aquém ou além de sua normalidade. O habituar-se e ver como natural o que está adulterado, caracteriza a fundamentação sobre o terreno pantanoso dos vícios.

Por este prisma, pode-se afirmar que o planeta com seu ecossistema está viciado, ou operando na desordem na terra, na água e no ar e mesmo o próprio sistema solar estando em colapso, se move descontrolado como um viciado, assim também as instituições seculares e religiosas o estado, os governos, as nações etc; todos, segundo a origem do termo, estão VICIADOS. Visto que o vício é por definição aquilo que está "no lugar de", sua origem arremete ao Éden, primeiro o das pedras afogueadas, onde Lúcifer tentou tomar o lugar de Deus e depois no paraíso, quando a serpente induziu o homem fazer o mesmo. Desde então e a partir destes surgiram todos demais vícios.

Há quem diga que as leis da Natureza estão "fora dos trilhos", entretanto, os decretos divinos permanecem para sempre intactos, e sendo Deus o criador do mundo físico e suas leis, a lógica exige que estas permaneçam inalteradas. Pressupondo que a alegação de uma natureza fora dos trilhos esteja certa é forçoso concluir que alguém ou algo a empurrou para fora transgredindo a Lei maior. E o nome bíblico para isso é PECADO; O PAI DE TODOS OS VÍCIOS, cujo mentor é satanás

O mais comovente é que os viciados em maior escala pretendem tratar os de menor nível ...isso é catastrófico. No contexto, duas passagens bíblicas fazem sentido. “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Romanos 8;22) e Lucas coloca de forma solene dizendo: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados.” (Lucas 21;25,26) Porquanto, tudo se move e evolui sob efeito dos vícios e suas vicissitudes.

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