13/02/2020

ÓPIO E RELIGIÃO - Desde sua origem na antiguidade os jogos públicos, tinham perfil religioso. Como tal, o Futebol não melhora o caráter, tampouco liberta das drogas.

Jogos Público
Disse Carl Marx: “A religião é o ópio do povo.” Esta frase tem sentido de acordo com o respectivo contexto. Na Grécia antiga e em Roma, os jogos públicos tiveram desde sua origem um caráter essencialmente religioso. Foram instituídos com objetivo de aplacar a ira dos deuses, obter o seu favor, ou agradecer benefícios. Tendo em vista este pano de fundo, o futebol tem muito a ver com religião. Para os governos interessa e muito, por no mínimo duas razões principais. Primeiro porque os jogadores são os maiores pagadores de imposto de renda e também, porque é uma forma de entretenimento para fazer acalmar a grande massa evitando convulsões sociais. Era a política de distraí-los com “pão e circo” isto é: Alimento e diversão (ópio). Como disse Zeferino Rossa, “Quando os cães rosnarem a teu lado, mete-lhe na boca uma migalha, e passarão a farejar-te”, e o poder público sabe disso e serve-se desse artifício. É o tal do me engana que apaixono. Fagner apanhou bem o contexto e cantou “Êh ô ô vida de gado, povo marcado êh, POVO FELIZ

O esporte se encarrega do circo (diversão) e o “Bolsa Família” e congêneres, do alimento. Na verdade, o esporte se tornou religião que distribui ópio, os clubes são deuses, os estádios os templos, a imprensa exerce sacerdócio. Entretanto, a mídia esportiva tem discurso de Mahatma Gandhi, e performance de Mata Hari. Aquele, foi idealizador do Satyagraha, “o princípio da não agressão” Na primeira Guerra mundial, Mata Hari deitava-se com inúmeros oficiais, tanto franceses quanto alemães tornando-se um peão de intrigas internacional, um agente de dupla face. A imprensa esportiva faz o mesmo que a espiã, joga dos dois lados, para fomentar o ódio e rivalidade generalizados; uma espécie de promiscua cortesã.
Ouve-se com frequência a demagoga, campanha da “paz nos estádios” quando na verdade o que se percebe nas entrelinhas é incitação à guerra, pois, se divertem à semelhança dos imperadores romanos vendo o sangue dos gladiadores jorrar nas arenas. Pedir Paz nas Arenas é um sarcástico contrassenso.

Fala-se do esporte e mais especificamente do futebol, como “espetáculo” e também uma forma de “combater” violência, entretanto, isso equivale tomar laxante para estancar diarreia. Por outro lado, o aspecto “desportivo” cai em controvérsia devido o fato de tratar-se de um combate, que busca as vísceras do inimigo, que os sofistas do microfone sarcasticamente escamoteiam em “adversário”. Futebol é uma disputa, e já disse Empédocles o pré-socrático: “A disputa gera o ódio” e este aspecto é visível tanto nas quatro linhas, quanto nas arquibancadas, nas ruas e outros redutos. O texto bíblico enfatiza que “o ódio é assassino” (1ª João 3;15)

Em sentido etimológico o termo "desporto" vem do francês antigo desport, e significa "recreação, passatempo, lazer". Porém, o espírito desportivo fica comprometido diante do fato que a estrutura e dinâmica das competições implicam que a alegria de um depende da tristeza e humilhação do outro, ou seja, eu preciso ferir a honra do outro para me “recrear”, sentir prazer: que estranho lazer...! Porém, qualquer que não aceita a zombaria e humilhação, não tem “desportividade” diante de tal disparate parafrasear a indignação de Saul é oportuna: “Óh filhos da perversa em rebeldia...” (1º Samuel 20;30)

Como bem disse um observador: “Nenhum torcedor diria que se ‘entretém’ com seu time, que vai ver um jogo como vai a um concerto. Vai para dilacerar ou ser dilacerado, vai para guerra, mesmo que seja quase sempre uma guerra metafórica. Assim, para ser atraente, o esporte não pode ter nenhuma sugestão de montagem ou faz-de-conta. Tem de ser uma séria e quase trágica competição por um cetro (...) a busca do coração do inimigo e da glória eterna – mesmo que no ano seguinte todos voltem a ter zero ponto"

O argumento de que o futebol “tira a pessoa das drogas” precisa ser contrastado com o fato que grandes jogadores estiveram envolvidos com elas. Entre eles estão Diego Maradona, Caniggia, Walter Casagrande, atual comentarista esportivo da Globo, Adriano (Imperador), Jobson e outros. O goleiro Edinho, filho de Pelé foi preso cinco vezes por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Que dizer do goleiro Bruno e o assassinato de Elisa Samudio. O meia Centurión que jogou no S. Paulo, Joãozinho, ex jogador do Cruzeiro de Minas Gerais, e uma lista de outros nomes, respondem ou responderam processo por agressão à mulheres. O contexto permite lembrar que Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo, Mascherano, Di Maria, Falcão Garcia, todos estiveram envolvidos com sonegação fiscal. Portanto, tanto a questão das drogas quanto do caráter estão presentes no futebol e não o contrário.

Que dizer da guerra das torcidas “organizadas”, que paradoxalmente se regem pelo princípio da anarquia. É o Hooliganismo, que à semelhança do que aconteceu na Inglaterra é caracterizado por grupos de torcedores, que abrigam em seu coração o prazer da violência e se “organizam” para brigar mesmo entre torcedores do mesmo time. Esta é a característica das torcidas ditas, “organizadas” pois, se regem pelo princípio da falta de ordem.

Portanto, a tese de que o esporte ajuda combater, as drogas, crimes, estelionatos e violência etc., fica um tanto desacreditada.
Diante disso, faz sentido as palavras de Drumond de Andrade: “Bem-aventurados os que não entendem, nem aspiram entender de futebol. Deles é o reino da tranquilidade.” E no contexto de tanta injustiça é oportuno lembrar o paralelo da palavra de Deus: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5;10). Este seria o maior prêmio, que qualquer atleta poderia ganhar. Paulo, o atleta de Cristo, mesmo reconhecendo que ainda não tinha alcançado o troféu, (Perfeição) foi enfático em dizer “Prossigo para o alvo, pelo PRÊMIO da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Filipenses 3:14) Este é o verdadeiro libertador e verdadeira RELIGIÃO, o resto é ópio

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