Disse Carl Marx: “A religião é o ópio do povo.” Esta frase tem
sentido de acordo com o respectivo contexto. Na Grécia antiga e em Roma, os
jogos públicos tiveram desde sua origem um caráter essencialmente religioso.
Foram instituídos com objetivo de aplacar a ira dos deuses, obter o seu favor,
ou agradecer benefícios. Tendo em vista este pano de fundo, o futebol tem muito
a ver com religião. Para os governos interessa e muito, por no mínimo duas
razões principais. Primeiro porque os jogadores são os maiores pagadores de
imposto de renda e também, porque é uma forma de entretenimento para fazer
acalmar a grande massa evitando convulsões sociais. Era a política de
distraí-los com “pão e circo” isto é: Alimento e diversão (ópio). Como disse
Zeferino Rossa, “Quando os cães rosnarem a teu lado, mete-lhe na boca uma
migalha, e passarão a farejar-te”, e o poder público sabe disso e serve-se
desse artifício. É o tal do me engana que apaixono. Fagner apanhou bem o
contexto e cantou “Êh ô ô vida de gado, povo marcado êh, POVO FELIZ”
O esporte se encarrega do circo (diversão) e o “Bolsa Família”
e congêneres, do alimento. Na verdade, o esporte se tornou religião que
distribui ópio, os clubes são deuses, os estádios os templos, a imprensa exerce
sacerdócio. Entretanto, a mídia esportiva tem discurso de Mahatma Gandhi, e performance de
Mata Hari. Aquele, foi idealizador do Satyagraha, “o princípio da não agressão”
Na primeira Guerra mundial, Mata Hari deitava-se com inúmeros oficiais, tanto
franceses quanto alemães tornando-se um peão de intrigas internacional, um
agente de dupla face. A imprensa esportiva faz o mesmo que a espiã, joga dos
dois lados, para fomentar o ódio e rivalidade generalizados; uma espécie de
promiscua cortesã.
Ouve-se com frequência a demagoga, campanha da “paz nos
estádios” quando na verdade o que se percebe nas entrelinhas é incitação à
guerra, pois, se divertem à semelhança dos imperadores romanos vendo o sangue
dos gladiadores jorrar nas arenas. Pedir Paz nas Arenas é um sarcástico
contrassenso.
Fala-se do esporte e mais especificamente do futebol, como
“espetáculo” e também uma forma de “combater” violência, entretanto, isso
equivale tomar laxante para estancar diarreia. Por outro lado, o aspecto
“desportivo” cai em controvérsia devido o fato de tratar-se de um combate, que
busca as vísceras do inimigo, que os sofistas do microfone sarcasticamente
escamoteiam em “adversário”. Futebol é uma disputa, e já disse Empédocles o
pré-socrático: “A disputa gera o ódio” e este aspecto é visível tanto
nas quatro linhas, quanto nas arquibancadas, nas ruas e outros redutos. O texto
bíblico enfatiza que “o ódio é assassino” (1ª João 3;15)
Em sentido etimológico o termo "desporto" vem do
francês antigo desport, e significa "recreação, passatempo, lazer".
Porém, o espírito desportivo fica comprometido diante do fato que a estrutura e
dinâmica das competições implicam que a alegria de um depende da tristeza e
humilhação do outro, ou seja, eu preciso ferir a honra do outro para me “recrear”,
sentir prazer: que estranho lazer...! Porém, qualquer que não aceita a zombaria
e humilhação, não tem “desportividade” diante de tal disparate parafrasear a
indignação de Saul é oportuna: “Óh filhos da perversa em rebeldia...”
(1º Samuel 20;30)
Como bem disse um observador: “Nenhum torcedor diria que se
‘entretém’ com seu time, que vai ver um jogo como vai a um concerto. Vai para
dilacerar ou ser dilacerado, vai para guerra, mesmo que seja quase sempre uma
guerra metafórica. Assim, para ser atraente, o esporte não pode ter nenhuma
sugestão de montagem ou faz-de-conta. Tem de ser uma séria e quase trágica
competição por um cetro (...) a busca do coração do inimigo e da glória eterna
– mesmo que no ano seguinte todos voltem a ter zero ponto"
O argumento de que o futebol “tira a pessoa das drogas”
precisa ser contrastado com o fato que grandes jogadores estiveram envolvidos
com elas. Entre eles estão Diego Maradona, Caniggia, Walter Casagrande, atual
comentarista esportivo da Globo, Adriano (Imperador), Jobson e outros. O goleiro
Edinho, filho de Pelé foi preso cinco vezes por lavagem de dinheiro do tráfico
de drogas. Que dizer do goleiro Bruno e o assassinato de Elisa Samudio. O meia
Centurión que jogou no S. Paulo, Joãozinho, ex jogador do Cruzeiro de Minas
Gerais, e uma lista de outros nomes, respondem ou responderam processo por
agressão à mulheres. O contexto permite lembrar que Messi, Neymar, Cristiano
Ronaldo, Mascherano, Di Maria, Falcão Garcia, todos estiveram envolvidos com
sonegação fiscal. Portanto, tanto a questão das drogas quanto do caráter estão
presentes no futebol e não o contrário.
Que dizer da guerra das torcidas “organizadas”, que
paradoxalmente se regem pelo princípio da anarquia. É o Hooliganismo, que à
semelhança do que aconteceu na Inglaterra é caracterizado por grupos de
torcedores, que abrigam em seu coração o prazer da violência e se “organizam”
para brigar mesmo entre torcedores do mesmo time. Esta é a característica das
torcidas ditas, “organizadas” pois, se regem pelo princípio da falta de ordem.
Portanto, a tese de que o esporte ajuda combater, as drogas,
crimes, estelionatos e violência etc., fica um tanto desacreditada.
Diante disso, faz sentido as palavras de Drumond de Andrade: “Bem-aventurados
os que não entendem, nem aspiram entender de futebol. Deles é o reino da
tranquilidade.” E no contexto de tanta injustiça é oportuno lembrar o
paralelo da palavra de Deus: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por
causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5;10). Este seria o
maior prêmio, que qualquer atleta poderia ganhar. Paulo, o atleta de Cristo,
mesmo reconhecendo que ainda não tinha alcançado o troféu, (Perfeição) foi
enfático em dizer “Prossigo para o alvo, pelo PRÊMIO da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus”. (Filipenses 3:14) Este é o verdadeiro libertador e
verdadeira RELIGIÃO, o resto é ópio
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