“... o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e
nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas
dores.” (1 Timóteo 6:10)
Segundo o consenso, as três coisas que mais fascinam e seduzem
o ser humano são o ter, o poder e o prazer. O problema é que o preço para as
respectivas aquisições é demasiado alto e pouco compensador.
A busca desenfreada pelo “ter” mutila o Ser e bloqueia o
viver, afinal, quanto mais se corre em busca das posses materiais, tanto mais
abdica-se da construção do Ser. Na atualidade esta edificação está interditada
pela "engenharia" do Nada Ser. Em filosofia, o Ser está em oposição
ao não Ser, porém, simplificando sem esta ciência pode-se afirmar que o “Ser” é
em sentido pleno, o “Não Ser” existe em oposição àquele: Deus é em sentido
pleno de benignidade, Seus opositores caracterizam sua negação. Por outro lado,
em relação à obsessão do poder é significativo o provérbio que diz: “Onde o
amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de
amor. Um é a sombra do outro.” Talvez por este prisma fica mais claro o que
Cristo quis dizer quando afirmou: “...por Se multiplicar a iniquidade, o amor
de muitos esfriará de quase todos” (Mateus 24;12)
O texto supra enfatiza que o “esfriamento” é consequência da
multiplicação da iniquidade. Este termo vem do latim “iniquitas” e significa
desigual, desparelho, injusto, de maneira que, na aplicação do caráter pode-se
entender que se tornou desigual em relação ao Criador perdendo Sua imagem e
semelhança. Partindo do fato que Deus é amor, o iníquo perdeu esta que é a
maior virtude, na busca do ter; caindo e tornando-se cheio de ódio. E assim,
como disse alguém: “Há aqueles que amam o poder e outros que tem o poder de
amar.” Eis aqui duas coisas que se excluem.
Alguém pode objetar que não identifica ódio em sua
personalidade e concluir que estas linhas são pecam pela incoerência lógica,
entretanto, como disse o especialista Norberto Keppe: “para se conhecer a
intensidade do ódio que alguém alberga, basta prestar atenção para o grau de
afastamento em que vive.” Isso se aplica à família, sociedade, relacionamentos,
à igreja, fé, DEUS etc. Ali está codificada a proporção ojerizada, independente
de acreditar ou não, de ter consciência ou estar alheio ao fato, pois, a mente
imunizada para evitar qualquer contato cognitivo oposto à sua escala de
valores, jamais aceitará rever seus conceitos que são antes crença imperiosa;
que verdade.
No contexto é igualmente verdade que o amor também comporta o
ódio, pois, DEUS que é AMOR, odeia o pecado, Ele que ama a justiça e odeia
injustiça, sendo o Senhor um Ser de bondade odeia a maldade, sendo a Verdade,
odeia mentira e sendo Santo odeia o profano, entretanto, a ira divina é justa e
Santa, porém o ódio humano é passional, impregnado de maldade, insanidade e
injustiça.
Quanto aos deleites, sabidamente a natureza caída, degradada
legou ao ser humano uma enfermidade letal insatisfatória, insuficiente que
vicia em diferentes graus de dependência denominada “prazeres” do corpo.
Portanto, se fossemos sábios, desprezaríamos uma gama de deles visto que, são
extremamente prejudiciais comparados ao preço da dor e frustrações que resultam. Não que o prazer seja em si mau, todavia, certas "curtições" trazem
mais dor que felicidade. Existem deleites saudáveis como o conhecimento, a
sabedoria, o Ser em sua plenitude, amizades, virtudes, servir a Deus etc. Será
que humanidade se satisfaz nessa obsessão “Saci Pererê” saltitando
freneticamente na “perna” dos prazeres libidinosos? Que mendicidade
platônico/cavernosa...! Inevitavelmente, essa fonte secará um dia ou será
entulhada pelo Armagedom e extinta definitivamente com o fim do mundo e o juízo
final.
Infelizmente incitam de forma indelével no coração humano que
o prazer que dá sentido à vida é a sodomia e nesta busca, as vicissitudes são
tantas, que dificultam seu inventário em virtude das disformes trans-formações. Na busca desenfreada dessa luxúria perdeu-se a
identidade, de maneira que, muitos estão confusos sobre o que realmente são,
devido o que se tornaram por força dessa busca alucinada e alucinógena.
A doença daí resultante denomina-se “anomia” caracterizada por
ausências, em relação às leis, ou regras e igualmente comporta confusão ou
perda de identidade que caiu para o abismo. Talvez seja oportuno pontuar aqui
aqueles que afirmam sentirem-se “no corpo errado” e a partir destas
vicissitudes, é possível perder a noção de quem são, de onde vieram, para onde
estão indo, todavia, sentem-se no direito da “legitimação” de sua comunidade
com imperiosa, ânsia de querer o que não comporta o Ser, porém, um gigantesco nada.
Por esta razão a referência introdutória sobre as três coisas
que mais fascinam e seduzem o ser humano tem um preço demasiado alto. Visto por
outro prisma é estranho o fato que muitos, apesar de cientes que “do mundo
nada se leva”, deem a vida por aquilo que jamais terão na Eternidade. Enfim,
existem duas eternidades, uma do Ser, outra do não Ser, a escolha se dá no
território do livre arbítrio, a viagem será na companhia dos entes da luz ou da
escuridão.
Busque-se pois o suficiente para a brevidade temporal, Pois a
palavra de Deus diz das coisas seculares: “...não ambicioneis coisas altas,
mas acomodai-vos às humildes...” e na carta a Timóteo capítulo 6;8-10 diz “Tendo
sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar
ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e
perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do
dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e
a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”
Portanto, na auto estrada deste princípio de prazeres e
luxúria, o pedágio é desumano e os danos irreparáveis para a vida; entretanto,
a grande massa, em tese apregoa a nulidade desgraçada da corrida pelo ouro,
todavia, na prática aposta que dela virão os louros da vitória; que maratona
inglória, na obsessão da imaginária, fictícia vitória. O SENHOR pergunta, como
quem se recusa entender: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?
E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?” (Isaías
55;2)
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