27/12/2019

ÓPIO E RELIGIÃO - Os Jogos públicos (Esportes) foram instituídos com objetivo de apaziguar a ira dos deuses, obter o seu favor, ou agradecer os benefícios. Tendo em vista este pano de fundo, o football tem muito a ver com “religião”

Disse Carl Marx: “A religião é o ópio do povo.” Esta frase tem sentido de acordo com o respectivo contexto. Na Grécia antiga e em Roma, os jogos públicos tiveram desde sua origem um caráter essencialmente religioso. Foram instituídos com objetivo de apaziguar a ira dos deuses, obter o seu favor, ou agradecer os benefícios. Tendo em vista este pano de fundo, o football tem muito a ver com “religião”. Para os governos interessa e muito o futebol, por no mínimo duas razões principais. Primeiro, porque os jogadores são os maiores pagadores de imposto de renda e também, porque é uma forma de entretenimento para fazer acalmar a grande massa e evitar convulsões sociais. Era a política de distraí-los com “pão e circo” isto é: Alimento e divertimento (ópio) . Como disse Zeferino Rossa, “Quando os cães rosnarem a teu lado, mete-lhe na boca uma migalha, e passarão a farejar-te”, e o poder público sabe disso e serve-se desse artifício. É o tal do me engana que apaixono. Fagner apanhou bem o contexto e cantou “Êh ô ô vida de gado, povo marcado êh, POVO FELIZ
O esporte se encarrega do circo (diversão) e o “Bolsa Família” e congêneres, do alimento. Na verdade, o esporte se tornou religião que distribui ópio, os clubes são deuses, os estádios são templos, a imprensa exerce profano sacerdócio. A mídia esportiva tem discurso de Mahatma Gandhi, e performance de Mata Hari. Aquele, foi idealizador do Satyagraha, “o princípio da não agressão” Na primeira Guerra mundial, Mata Hari deitava-se com inúmeros oficiais, tanto franceses quanto alemães, tornando-se um peão de intrigas internacional, um agente de dupla face. A imprensa esportiva faz o mesmo que a espiã, joga dos dois lados, para fomentar o ódio e rivalidade generalizados; uma espécie de promiscua cortesã.
Ouve-se com frequência a demagoga, campanha da “paz nos estádios” quando na verdade o que se percebe nas entrelinhas é incitação à guerra, pois, se divertem à semelhança dos imperadores romanos vendo o sangue dos gladiadores jorrar nas arenas. Pedir Paz nas Arenas é um sarcástico contrassenso.
Fala-se do esporte e mais especificamente do football, como “espetáculo” e também uma forma de “combater” violência, entretanto, isso equivale tomar laxante para estancar diarreia. Por outro lado, o aspecto “desportivo” cai em controvérsia devido o fato de tratar-se de um combate, que busca as vísceras do inimigo, que os sofistas do microfone sarcasticamente escamoteiam em “adversário”. Football é uma disputa, e já disse Empédocles o pré-socrático: “A disputa gera o ódio” e este aspecto é visível tanto nas quatro linhas, quanto nas arquibancadas, nas ruas e outros redutos. O texto bíblico enfatiza que o ódio é assassino (1ª João 3;15)
Em sentido etimológico o termo "desporto" vem do francês antigo desport, e significa "recreação, passatempo, lazer". Porém, o espírito desportivo fica comprometido, diante do fato que a estrutura, e dinâmica das competições implicam que a alegria de um, depende da tristeza e humilhação do outro; ou seja, eu preciso ferir a honra do outro para me recrear, sentir prazer: QUE ESTRANHO LAZER...! Porém, qualquer que não aceita a zombaria e humilhação, não tem “desportividade” diante de tal disparate parafrasear a indignação de Saul é oportuna: “Óh filhos da perversa em rebeldia...” (1º Samuel 20;30)
Como bem disse um observador: “Nenhum torcedor diria que se 'entretém' com seu time, que vai ver um jogo como vai a um concerto. Vai para dilacerar ou ser dilacerado, vai para guerra, mesmo que seja quase sempre uma guerra metafórica". Assim, para ser atraente, o esporte não pode ter (...) nenhuma sugestão de montagem ou faz-de-conta. Tem de ser uma séria e quase trágica competição por um cetro (...) a busca do coração do inimigo e da glória eterna – mesmo que no ano seguinte todos voltem a ter zero ponto"
O argumento de que o futebol “tira a pessoa das drogas” precisa ser contrastado com o fato que grandes jogadores estiveram envolvidos com elas. Entre eles estão Diego Maradona, Caniggia, Walter Casagrande, atual comentarista esportivo da Globo, Adriano (Imperador), Jobson e outros. O goleiro Edinho, filho de Pelé foi preso cinco vezes, por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Que dizer do goleiro Bruno, e o assassinato de Elisa Samudio. O meia Centurión que jogou no S. Paulo, Joãozinho, ex jogador do Cruzeiro de Minas Gerais, e uma lista de outros nomes, respondem ou responderam processo por agressão à mulheres. O contexto permite lembrar que Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo, Mascherano, Di Maria, Falcão Garcia, todos estiveram envolvidos com sonegação fiscal.
Que dizer da guerra das torcidas “organizadas”, que paradoxalmente se regem pelo princípio da anarquia. É o Hooliganismo, que à semelhança do que aconteceu na Inglaterra é caracterizado por grupos de torcedores, que abrigam em seu coração, o prazer da violência e se “organizam” para brigar mesmo entre torcedores do mesmo time. Esta é a característica das torcidas ditas, “organizadas” pois, se regem pelo princípio da falta de ordem.
Portanto, a tese de que o esporte ajuda combater, as drogas, crimes, estelionatos e violência etc, fica um tanto desacreditada. Diante disso, faz sentido as palavras de Drumond de Andrade: “Bem-aventurados os que não entendem, nem aspiram entender de futebol. Deles é o reino da tranquilidade.” E no contexto de tanta injustiça, é oportuno lembrar o paralelo da palavra de Deus: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5;10). Este seria o maior prêmio, que qualquer atleta poderia ganhar. Paulo, o atleta de Cristo, mesmo reconhecendo que ainda não tinha alcançado o troféu, (Perfeição) foi enfático em dizer “Prossigo para o alvo, pelo PRÊMIO da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Filipenses 3:14) Este é o verdadeiro libertador e verdadeira RELIGIÃO, o resto é ópio.

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