Com relação à citação supra e sua
dinâmica vem à luz o “determinismo” freudiano que tenta “des” culpar o infrator
escamoteando o erro, de maneira que o culpado passa à condição de “vítima” da
causalidade, das leis universais, do destino e congêneres; coisas alheias à sua
vontade. Destarte, é impugnada não apenas a transgressão da lei, mas, também o
livre arbítrio e consciência do pecado por quem o comete.
Não é de estranhar que tamanha astúcia desfrute tanta popularidade, afinal, a culpa é remanejada para o “in” consciente,
o qual, corresponde a um calabouço com isolamento acústico onde o problema é
trancafiado, entretanto, mesmo na condição afônica permanece logado no espírito
humano cujo link, raramente recebe um clic do infrator, para que a “pagina"
não seja acessada. Porém, Aquele que perscruta o coração tem um “backup” de
cada ser humano salvo na nuvem onde não temos acesso. No entanto, a psicologia
determinista com sua retórica induz o culpado sentir-se vítima e assim é
estimulado em lugar de arrependimento; cobrar danos morais. Foi isso que fez
Adão e o mesmo fazem seus filhos. Aquele, quando inquirido acerca do pecado
redarguiu “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3;12)
insinuando que Deus era responsável por sua danação.
O dilema
em certos casos chega ao disparate de implicar que a alma lesada pelo
contraventor é induzida defender o culpado mentindo que o tal, não é
responsável pelo erro. Isso difere da misericórdia e do perdão, visto que, a
primeira se compadece ante o quebrantamento do suplicante, o qual, também confessa a culpa e pede clemência. À vista disso, o pedido de
desculpas é um ardil para defenestrar o perdão. Na verdade, perdão e desculpa
como disse C. S. Lewis: “são duas palavras quase opostas.” Pelo simples
fato que, “um ato falho sem culpa precisa de desculpa, e não de perdão. Da
mesma forma, boas desculpas não precisam de perdão - já que o perdão exige culpa
- e se você quer ser perdoado, não há desculpas para o que fez – pois, pedir
perdão é assumir a culpa”. A ordem de Cristo ao ofensor é confessar e pedir
perdão. E ao ofendido; Perdoar. (Ler Mateus 18;15-35)
Em sua
dinâmica melodramática a arte de pedir desculpas ganhou novos contornos ao
ponto de implicar que o “pedido” esconde escrúpulos que geram desconforto e
insegurança a quem se dirige, haja vista que o suplicante pode estar apenas
preocupado consigo mesmo, sua reputação, prestígio e bem estar caracterizando
antes, um ato egoísta, que atitude de humildade e arrependimento. Esta inversão
psicológica narcisista lembra o que disse o indiano Radhakrishnan: “Ama teu
próximo como a ti mesmo pois tu és teu próximo. É ilusão acreditar que teu
semelhante seja outro que não tu” Isso é uma forma sutil distorcer a lei de
Deus fundada nos dois mandamentos. Amar a Deus acima de tudo e o próximo como a
si mesmo, afinal “A estes dois mandamentos estão sujeitos toda a Lei e os
Profetas” (Mateus 22;40)
Outras
vezes o tal subterfúgio esconde unicamente o intuito de reaver privilégios e
regalias perdidas pelo ofensor e novamente o desrespeito sobe ao palanque com
retórica e habilidades demagógicas buscando o aval da ingenuidade, que sem
escrúpulos patrocina a esperteza, a qual, se apresenta com indumentária de
humildade. Isso equivale valer-se da boa fé, cuja confiança é incondicional.
Entretanto, a Bíblia diz que: “...os maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo
enganados” (2
Timóteo 3;13)
O tal pedido é
um pragmatismo estéril que atenta contra a consciência, única originalidade que
restou no homem caído. É estratégia semelhante às reações do Chaves, que após
nocautear o Seu Barriga recorre ao estereótipo “foi sem querer querendo”
e quando o agredido protesta contra o dano sofrido ele reage “Tá! Mas não se
irrite!” Porém, se o outro se mostra irredutível ele dramatiza “Ninguém
tem paciência comigo!” E no caso de revide pelo ofendido, a hipérbole
melodramática recorre à reclusão no barril, que é uma forma de auto flagelo,
contudo, em todos os estágios da peça teatral, a chantagem entra em cena com
ardil de retórica e recursos fictícios, sempre com objetivo de escamotear a
culpa.
No primeiro
caso apela para o determinismo alegando que o incidente teve origem fortuita
(sem querer) e que talvez, o agredido estivesse na hora e lugar errado. Depois
tenta persuadir insinuando que a “irritação” é intolerância e desequilíbrio. Em
terceiro lugar o coitadismo entra em cena como vítima da falta de paciência –
que ninguém tem – para consigo e por último recorre ao “silício” da
autopunição. Visto por este prisma é impressionante a complexidade de distorções
que pintam o surrealismo das desculpas. Este é um quadro, cuja popularidade
concorre com aquele do menino chorando, o qual, envolve uma “aura de mistério”. Assim
é a “des” culpa. Não obstante todo esse esforço para esconder o erro, a
palavra de Deus enfatiza: “O
que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e
deixa, alcançará misericórdia”
(Provérbios 28;13)
O ardil por
mais politicamente correto que pareça implica um desarranjo do perdão, um
descarte da misericórdia e transgressão da lei. Sendo assim, mesmo considerado correto em termos psicológicos é injusto e anárquico quanto a lei maior. Por este viés pode-se vislumbrar o desfiladeiro
das desculpas, que segue o “caminho de Caim” (Judas v-11) equivalente ao falso moralismo e falta de fé, que desemboca no abismo da eterna perdição. Por outro lado, a ação
contrária que tenta maquiar a culpa pode levar a desfechos graves como foi o caso de Caim, que
inquirido por Deus sobre a morte de Abel disse “não saber” (Gênesis 4;9), como
fazem hoje todos os que cometem delitos; reagem alegando nada saber ou mesmo
amnésia ou se alguma coisa fizeram de errado, foi de forma “inconsciente”. Eis
os artifícios para arranjar “des “culpa.
O contexto coloca em relevo o fato que a
“desculpa” como forma de perdão ou de isentar a culpa é mero placebo que
remedia a situação, porém, não repara o dano. Isso equivale ao “avental de
folhas cosidas” (Gênesis 3;7), para mascarar o pecado. Finalmente, para que haja desculpa é
necessário reconhecer e confessar culpa, pedir perdão e arrepender-se afinal,
como disse alguém: “Pessoas que são boas em arranjar desculpas
raramente são boas em qualquer outra coisa.” Importa frisar que não pode
haver paz interior para quem não perdoa e não se arrepende. Perdoar traz libertação
interior pois, quando se libera perdão; as almas se tornam livres.
Perfeito!!!#
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