Em parte, isso tem o “dedo” ideológico sinistro, somado ao desinteresse popular, mas, a grande vilã nesse processo é a mídia, que atendendo interesses escusos e aniquilamento moral investe pesado na imbecilização, em detrimento do aperfeiçoamento cultural. Apesar dos vários tipos de entretenimento contribuírem para distração e recreação, por outro lado incentivam a plena frouxidão moral, sacrificando todas virtudes apolíneas, pelo extravasamento dionisíaco. Esta observação não implica falta de cultura ou ausência de inteligência, porém, estamos identificando um doutoramento, em estupidez, cultura inútil e motivação perigosa, de maneira que a maior ditadura moderna está na tecnologia, distraindo e viciando naquilo que não edifica e que por sua vez é alienante. No contexto é significativo entender que “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir” (João 10:10). Estes estão roubando o tempo que deveria sem dedicado ao conhecimento, destruindo a alma e executando o espírito; com o agravo de o fazerem, com o consentimento humano escravizado no sistema alienante.
O médico, sociólogo cientista e educador carioca Edgar Roquete Pinto em 1923, via nos veículos de comunicação, meios de levar “escola aos que não tinham escola” pretendendo com isso expandir educação e cultura a toda nação, entretanto, o projeto teve vida curta cedendo lugar aos interesses do poder e do lucro. Desde então, ao contrário de muitos países a TV no Brasil, em detrimento da educação tem se mostrado responsável pelo recrudescimento contra cultural, através da midiotice audiovisual estabelecendo um abismo semelhante aquele da parábola do rico e Lázaro, que diz: “...está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá” (Lucas 16:26) Por este prisma o “sistema” condiciona ao abismo da entropia (tempo e oportunidade perdida), afinal, como diz o ditado ). “Há três coisas na vida que jamais voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida” Eis um abismo no qual muitos se encontram.
A TV aberta, com raras exceções veicula lixo moral envenenando mente e coração de sua audiência, cobaia de todo tipo de depravação impetrada em programas transviados, que divertem-se à semelhança de Circe a feiticeira, que em seu palácio vivia cercada por uma fauna, que nada mais era que inescrupulosos viajantes por ela seduzidos e transformados em animais. Estes, apesar de tomarem a forma dos bichos conservavam a consciência humana, entretanto, com a midiotice, ocorre o inverso, eles conservam a figura humana, todavia, o coração ganha forma animalesca num transviar abissal, que caracteriza uma viagem de ida sem volta. Os tais saíram da “casinha” e se perderam no “casarão” para além do labirinto.
O Brasil é conhecido como “país do football” entretanto, a característica de espetáculo há muito se perdeu, devido ao fato que os “monstros” forjados na mídia sarcástica que à semelhança dos imperadores romanos diverte-se às expensas do sangue de estúpidos “gladiadores”, transformou o lúdico no impudico. Não é sem sentido que os estádios são chamados de “Arenas” onde as feras são soltas, como acontecia no velho Coliseu romano, com uma diferença; “sublimaram” a estupidez do anfiteatro e apelidaram de esporte.
No contexto atual, na semana que antecede um confronto de grande rivalidade esportiva, os “chacais” do microfone se encarregam de forjar e veicular provocações passionais carregadas de ódio, que resulta em fúria tanto nas quatro linhas, quanto nas arquibancadas. Importa ressaltar que estes sádicos “imperadores” apregoam a “paz nos estádios”, entretanto, fomentam a guerra. E depois, com o sarcasmo de um Arafat, - que patrocinava o terrorismo, porém, diante das câmeras de TV, “condenava” a violência dos homens bomba – se mostram “estupefatos e perplexos” diante da fúria que eles incrementaram por detrás dos microfones.
É desnecessário dizer que há exceções, devido aos profissionais que trabalham com isenção, por outro lado, na contramão do sadismo, encontram-se os que em nome da audiência e prestígio popular veiculam patetices que irritam pelo abuso do fonético patético boçal. Produto da imbecilização.
Este aspecto, lembra o mito de Procustes, bandoleiro que queria tornar todas pessoas iguais, então as atacava e prendia em uma cama conhecida como “o leito de Procustes” cortando pedaços, quando eram muito grandes ou esticando em barras de metal quando eram menores que o leito. Assim trabalha a mídia massificando pelo eclético, patético, sincrético; onde o individual se perde na massa amorfa formatada. Esta é sem dúvida a “igualdade” proposta pela ideologia Procustes; uma equalização transviada totalitária ditatorial sob indumentária de “igualdade, liberdade e fraternidade” é uma igualdade cubana, uma originalidade “paraguaia” e uma dignidade de subsistir no chiqueiro alimentados com “bolotas” de pão e circo dos deuses imperiais.
Entretanto, certamente serão apanhados pelo efeito bumerangue da eterna lei de causa e efeito, ou da semeadura e da ceifa. Na Bíblia está escrito “...tudo que o homem semear isso também ceifará” (Gálatas 6;7) Parece que os midiotas adotaram o padrão da ausência de padrões; sendo assim de fato, “quanto mais conhecemos os humanos, tanto mais admiramos os animais” quanto mais conhecemos a sociedade, mais detestamos o produto que ela nos tornou. Porém, como como diz o proverbio bíblico “Porque semearam vento, e segarão tormenta, não haverá seara, a erva não dará farinha; se a der, tragá-la-ão os estrangeiros” (Oseias 8:7)
A vista disso, certamente o mundo colherá o que plantou e também a mídia que foi o mecanismo de semeadura descobrirá demasiado tarde que “Vindo o vosso temor como a assolação, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor: Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal” (Pv 1:27-33)
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