15/03/2021

PLACEBO E NOCEBO - Nesta perspectiva é possível traçar um paralelo entre o mal causado à saúde clínica, considerando-se também os efeitos da falta de discernimento espiritual.

Desde tempos remotos o feedback dos órgãos responsáveis pela saúde pública, tem se revelado molestos dando impressão que a entidade sofre algum tipo de enfermidade crônica, de maneira que apresenta performance e dinâmica anacrônica em sua forma de atender doentes, tratar doenças e administrar remédios. Tem-se impressão de uma saúde caduca.
Este quadro nefasto, evoca o termo “nocebo” que significa, [fazer mal]. A expressão foi criada em oposição ao termo “placebo” que tem o sentido de [agradar]. Entretanto, chama atenção que em qualquer dos casos, se aplicado como forma de tratamento ao paciente, tem implicações danosas.
O efeito nocebo é utilizado para designar reações ou respostas prejudiciais, desagradáveis, indesejadas, como resultado da aplicação de uma droga inerte, que em tese não produz efeito
, devido seu caráter inócuo.
Na verdade não existe uma droga real envolvida, mas os efeitos adversos psíquicos incluindo alterações comportamentais, afetivas, emocionais e físicas são reais. Um exemplo do efeito nocebo seria alguém com medo da morte, após ser picado por uma cobra não venenosa.
Por outro lado, o efeito placebo implica uso de substância ou tratamento inerte [que não interage com o organismo] empregado como se fosse ativo. Esse procedimento produz efeito fisiológico positivo, mesmo que não tenha capacidade para isso, melhorando os sintomas. Implica “curar” câncer com aspirina.
Portanto, seja como for em ambos os casos, prevalece o engano, a ilusão, a sensação de ter recebido cura, quando na verdade, fora mera vítima de uma fraude geradora da sensação de “bem” estar.
De igual forma a consequência nocebo, implica sentir-se mal, quando as evidências ou realidade do mal inexistem; são apenas imaginárias. Diante deste quadro sinistro é possível que, qualquer que goze perfeita saúde, sinta-se como se estivesse psicologicamente perturbado, e possivelmente, busque “socorro” no insano sanatório.
Portanto, enquanto prevalecer o efeito nocebo, não apenas na saúde, porém nas relações humanas, o mundo irá de mal a pior devido ao fato que a maldade configura a pandemia universal catalisada, e defendida como ideal; é o princípio do “me engana que eu gosto”. Placebo e nocebo, têm semântica diferente, todavia na essência ambas encerram embuste.
Se considerado espiritualmente o sentido é agravante, pois, implica sentir-se bem, no cultivo das ilusões, e por diferente viés, debater-se com o mal que existe apenas no imaginário, de maneira que impera confusão e insanidade anímica, caracterizado enfermidade espiritual, com o agravo de que devido à falta de discernimento, um tal paciente recuse o divã do médico dos médicos, por sentir-se “saudável”, na doença.
Por outro lado, há “bem estar” humano que desagrada o Espírito de Deus, e há desagrados sentidos na alma, que estão em sintonia com a vontade de Deus. Não ter ciência desta realidade implica permanecer espiritualmente sob efeito insano de placebo e nocebo, alternadamente.
No contexto é oportuno observar dois exemplos bíblicos que demonstram essa confusão: “... eles foram rebeldes, e contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, e pelejou contra eles” (Is 63;10). No contexto, é possível que tendo Deus como opositor, a alma que perdeu a luz entenda estar sendo atacada pelas trevas. E em tal situação pode agir como Balaão discutindo com, e espancando a jumenta (Nm 22;23-34).
O mesmo se revela no contexto dos profetas de Baal, quando um espírito de mentira enviado da parte de Deus falava na boca dos falsos profetas, para punir a arrogância do rei Acabe, de maneira que o que parecia uma bênção se revelou um desastre. (1 Rs 22;20-24). Aqui o ledo engano se revela amargo desengano.
Uma oração pertinente implica rogar ao Senhor para que a alma não seja cegada pelo orgulho, turvando a visão impedindo que se tome ciência da anomalia que faz sentir-se bem na situação sinistra, e produz sensação de mal estar quando tudo está bem, devido à sutileza do espírito das trevas, denominada “profundezas de satanás” (Ap 2;24).
Santo Agostinho disse: “Não há doente mais incurável do que aquele que não reconhece sua doença”, para esse perfil não adianta remédio, pois, não admite sua enfermidade, e assim nutre e cultiva a sensação de bem estar, não obstante sua enfermidade de alma, e o estado de coma espiritual.
No contexto diz o Senhor que o orgulho “Cegou os olhos e endureceu o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, tampouco se convertam e sejam curados.” (Jo 12;40). Neste sentido escreveu Salomão: “Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição” (PV 1;32).
Portanto, é necessário que a alma cultive humildade, e o espírito permaneça em vigilância para uma saúde holística cujo efeito se fará sentir no espírito, alma e corpo, para para que o crente seja espiritualmente saudável vivendo e nutrindo-se da fé inabalável.

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